ROMULO RAMOS

 

APRENDENDO O QUÊ?

 
 
Quando se pensa que de tudo já se viu ou se viveu, surgem fatos novos e situações inéditas para se viver dentro de uma Sociedade, onde os humanos ditam as regras, regras essas que foram e são criadas para benefício de poucos e infortúnios da grande maioria da população.
 
Na Escola Tradicional.
 
Vamos falar sobre o ensino de maneira geral, onde as políticas existentes em nosso País como um todo, deixam a desejar, ainda mais quando se trata dos ensinos fundamental e médio respectivamente.
Se para iniciarmos a formação de nossos jovens nas escolas tradicionais, aquelas que por obrigação teriam que ser mantidas em padrões de excelência pelos Governos Federal, Estaduais e Municipais, o que não acontece nem mesmo nas várias das atuais escolas privadas, causando assim a quase total falência do nosso ensino de base, o que tem refletido com isso, negativamente lá no ensino superior, pois, o que mais se tem no mercado são maus profissionais nas mais diversas profissões.
 
Na Escola de Samba.
 
Um visionário sambista do século passado, responsável junto com seus contemporâneos, por tudo o que hoje existe em se falando dessa maior festa em céu aberto do planeta que é o nosso carnaval, já dizia que em nossas Escolas de Samba teria que ser o lugar onde seriam formados sambistas, e olha que ainda não tínhamos nenhuma Escola de Samba Mirim nessa época.
Imaginemos se o nosso saudoso Ismael Silva, que lá atrás assim entendia a função de uma Escola de Samba, por aqui estivesse, e tomando conhecimento do descaso e em alguns momentos que chega até a intolerância por parte de pessoas que são terminantemente contra a presença de crianças e adolescentes em nossas escolas mães, qual seria a sua indignação ao ter que conviver com essa perseguição contra a permanência dos desfiles infantis na sexta-feira que antecede os grandes desfiles que se inicia com as escolas do grupo de acesso “A”, no sábado de carnaval.
Existem nos dias de hoje 17 (dezessete) escolas de samba mirins, que são filiadas a AESMRIO (Associação das Escolas Mirins do Estado do Rio de Janeiro), mais ou menos 06 (seis) esperando a oportunidade para se filiarem à referida Associação, na busca pelo direito de poderem também desfilar no Templo Maior do Carnaval, e nem todas são ligadas a uma das grandes escolas mães, o que deixa bem clara as dificuldades que passam, pois, as verbas destinadas às mesmas como subvenção, são irrisórias e ainda são liberadas muito em cima do carnaval o que torna mais difícil à missão de poderem desenvolver e apresentar os seus carnavais no dia do desfile oficial que é a sexta-feira.
Além da pouca verba, da falta de espaços próprios (Barracões), de terem de cumprir tudo o que determina a Vara da Infância e da Juventude, no que diz respeito aos horários de início, e término de seus desfiles principalmente, têm, ainda, que conviver a cada ano com a incerteza de que dia irão desfilar, se na sexta-feira ou na terça-feira, já que existe interesse de algumas pessoas em transferir tais datas como troca, porém, em nenhum momento segundo a direção da AESMRIO, tem lhes sido feita previamente uma consulta sobre o assunto.  
Tal comparação esta sendo feita justamente por estarmos falando de Escolas, e fica clara aí a situação do ensino, pois, se nos ensinos básicos existem problemas nós os temos também quando se tenta levar aos nossos jovens o ensino de sua Arte e Cultura, através de nossas escolas de samba, já que não consta tal matéria da grade escolar tradicional pública ou privada, ao nos referirmos a Arte e Cultura de um Povo, mais particularmente quando aí está incluso o carnaval, que é o responsável neste momento não só pela inclusão Social como também por uma magnífica rede de empregos e divisas trazidas para o País, Estados e Municípios.
Convocamos todos aqueles que mesmo que não estejam preocupados com o futuro de tudo o que aqui descrevemos, que pelo menos não interfiram no processo que vem dando certo, como é o caso da AESMRIO, apresentem seus projetos, tragam suas sugestões, unam-se aos que querem fortalecer e preservar o carnaval, e com isso ajudem na formação de nossos futuros sambistas, carentes de tantas coisas que lhes são negadas pela sociedade e governos, e ainda têm que sofrer com as incertezas que lhes são trazidas por interesses e vaidades pessoais, e vamos todos nós juntos formá-los cidadãos com conhecimento de seus direitos e deveres, pois, existe o ECA, e neste momento ele tem sido desobedecido integralmente.
Esperamos em Deus que os nossos Santos e Orixás, já que nós sambistas não temos Deuses, dê luz e sapiência aos que comandam de alguma forma o atual carnaval, para que eles criem e aprovem projetos em todos os níveis, no sentido de que possamos ter a nossa Arte e Cultura do Carnaval obrigatoriamente sendo inserida na grade do ensino fundamental e médio de nossas escolas tradicionais, e que também todas as escolas de samba das mães as mirins, atrelem as suas grades as aulas de CIDADANIA.
Nós temos conhecimento de que existem vários projetos dentro das escolas de samba, porém, em todos esses projetos só se fala em esportes, música, dança, rítmo e mão de obra qualificada para atender aos seus barracões, até então não se administram aulas onde se possa contar a história do carnaval como um todo, e muito menos das escolas e suas formações, seus baluartes e tudo aquilo que só vamos conhecer quando da chegada as Universidades, e mesmo assim em História ou por ocasião do desenvolvimento de monografias.
 
RESPEITEM AS NOSSAS CRIANÇAS E OS NOSSOS ADOLESCENTES, DEIXEM QUE ELES TAMBÉM DECIDAM, PARTICIPANDO E DANDO SUAS OPINIÕES SOBRE O QUE A ELES INTERESSE DIRETAMENTE.
 
Romulo Ramos.
 
    
Comentário de Rômulo Ramos